quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Venderia, se



O sossego não trás apelo, só fragmenta.
Não sei se é comodismo ou felicidade
do cansaço do dia, do cansaço do gozo. Do cansaço do riso, ou do cansaço de si.
Quem disse que não dá trabalho rir não sabe. Se a culpa é tua,
a culpa é minha, se.
Do cansaço de se querer bem, sempre tão bem.
Bem-estar-bem, sempre estou aí! Para o que der e vier,
para o que der e convir! Bem que nada como sentir-se.
Sentir a si, por inteiro. Sentir a tristeza como prêmio.
Ou algum incômodo, alguma irritação. Não sentir-se sorrindo,
não sou vendedor. Sou mim por inteiro,
algo aí, perdido no palheiro. Palheiro aos prantos
que o sossego não trás apelo. Só fragmenta eu,
me diminui a reles vendedor.
Pois não sou!
Sorriso Colgate vale dinheiro; pois meu bem, meu sorriso não vai valer meu bem.
Não é pranto, não é felicidade.
É sorriso,
sorriso de vendedor. Pois não vendo minha alma,
esta tal, que mal tenho. Pois não vendo minha carne,
pois não vendo satisfação. Tampouco felicidade.
Vendo uma triste idéia de felicidade contínua e imutável. Incansável. Aliás: venderia,
se.

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