segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mais um conto de Eliza, parte 1


Eliza que era mulher de verdade. Dizia o que pensava e pensava sem medo, não. Quando a noite nascia ia Eliza, toda toda, pro tal samba que ela tanto gostava. Metia um cigarro na boca, um copo na mão – como se fosse homem – e começava o seu rebolar em que Eva pareceu lhe ensinar – como toda mulher deveria fazer. Mastigava a maçã como Deus nunca imaginou alguém mastigar.
Negava todos negros, brancos, mulatos, na dança. Queria mesmo era fazer as bocas dos marmanjos caírem, e só. Sozinha era mais gostoso, me dizia ela. Não tinha que mandar e nem ser mandada nos passos que dava.
- Sabe, Brah. Acho que nunca conseguí um homem que tivesse poder pra me guiar na dança, na vida... quero mais é ser solta, solteirinha, assim como sempre fui. Tu me conhece.
- Conheço sim.
- Conhece.

Nunca a vi chorar, a não ser quando esqueceu seu dedo mindinho no Box do seu banheiro. Me ligou fula da vida, berrando e gritando e enfiando à força algumas palavras pela linha telefônica. Era ela o tipo de mulher que todo homem gostaria de ter, mas não conseguiria agüentar muito tempo, não Senhor.
- Esta porra... – e assim ia, e ia, e ia nas palavras que em qualquer outra cairia vulgar, mas nela não, nela era o que era.
Era branca com sangue de negra brasileira.

Quando a via sambar me vinha o sonho daquela mulher sambando para mim. Coisa que, quando ela conseguia me fazer descer ao bar, acontecia algumas vezes. Os pés dançando, as pernas, a bunda rebolando com vontade divina, e o que posso dizer dos seios se não mais do que já vi? Engolia em seco. Dava um trago. Tomava um gole. Tudo que podia fazer, afinal.
Apenas não via o sorriso dela este dia. Logo ela... talvez tenha sido só um dia ruim. Talvez tinha sido um dia mal, e só isso.
Talvez tenha sido só mais um dia só.

4 comentários:

  1. bah..curti p/caralho cara
    texto envolvente e de fácil leitura

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  2. blog muito bom
    faça uma visita
    http://rogeriocenifutebolclube.blogspot.com/

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  3. Mulher que é mulher sabe o que quer. Quando quer e como quer. Embutir à nossa felicidade à outras pessoas é entregá-las uma responsabilidade muito grande. Adorei.

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