I
E
de repente
uma agonia me atinge
como trovão. Uma vontade incontrolável
– porém facilmente controlada –
de berrar
meu próprio nome.
Quem sabe eu responda
e me dê resposta.
Raios,
onde está o que
sempre tive e
onde está o que
sempre quis ter?
Onde está
tudo isto que
não sei o que querer?
Onde foi parar
o filho,
o irmão,
o neto,
o sobrinho amado,
o amigo, amante,
não sei;
sei onde
está este que roubou
meu rosto
e meu nome.
Sei onde
estou,
mas não
sei onde
estou;
sei o que
enxergo,
mas entendo?
Me rendo,
me estendo por hoje,
assim como
ontem,
assim como
provavelmente amanhã,
na possibilidade macia
e fácil de minha cama.
Me rendo,
mas só por hoje,
de novo;
prometo,
de novo.
De novo,
engano.
Engano
aos outros?
Aos outros
quem sabe
aos outros
um plano:
deixa
que um dia passa.
II
Sinto no copo mais amor que senti minha vida inteira. Não é vício, não senhor, não pense nisso; longe disso! Talvez seja apenas necessidade de ver a vida como ela realmente é: conturbada, vesga; estampada de luzes que acendem e um dia apagam. Talvez seja falta de algo melhor para pensar em fazer; tirar o lixo para a rua, já fiz. Me senti enfiar no cu cada sacola cheia de sujeira.
Mundinho de merda este, viu. Lindo, belo, de risos, mas de merda.
III
As ruas estão cheias hoje. Uma pena.
Dei meia-volta.
Este é perfeito também! Você escreve muito bem. Gostei dos textos e do espaço.
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