terça-feira, 12 de outubro de 2010

Para não ser o único idiota


Se eu pudesse relembrar de todas nossas conversas eu escreveria um livro, só para não me sentir o único idiota no mundo a sentir saudades de revivê-las. Elas eram boas, não eram? Se pudessem ler o que eu teria para escrever concordariam, sei que concordariam.
- Seu imbecil, por que estragar tudo?
A resposta seria...? Pois a pergunta cabe tanto a mim quanto à ti. A minha seria, ao ponto de faca em que estou:
- Porque sim.
A sua seria...?
- Gostaria eu de saber – lhe diria.
- Gostaria eu de saber? – me perguntaria em seguida.
- Gostaria? – perguntaria então a mim.
Tudo que me vêm à cabeça é uma sucessão da mesma pergunta em uma conversa que me vem durando muito mais tempo do que eu gostaria – irônico, no mínimo.

Hoje estava passeando e não consegui conter minha vontade em ver o palco em que alguns cenários foram montados para nossos dramas. Sempre tudo tão coeso e insuportavelmente juvenil. Tudo sempre tão confiável e esclarecedor entre nós e as cervejas. Tudo tão... tão sempre...
me pus a perceber as ondas que a tal lagoa acariciava sua extensão mínima de areia e... e... tudo tão sempre...
tudo tão sempre... sempre. Simples assim, e tudo tão sempre simples assim. Era sempre minha confiança em ti, e era tão tudo simples, simples como algo inintendível, como Semiótica ou Deus, tão ridiculamente simples que pouco se entende; que muito demora-se a perceber da simplicidade, da facilidade a aceitar. Tudo tão sempre...
Me senti um verdadeiro idiota. As ondas tentavam cada vez mais e mais chegar mais perto de meus pés e eu tentava cada vez mais e mais sair dali e procurar por minhas perguntas sem resposta.
Sou um idiota, isto é um fato conclusivo a todos que me conheçam há cinco minutos, não nego; somos todos, graças à algo. Se não fossemos idiotas, todos idiotas, onde estaria a graça de dizer a palavra que todos insistem em chamar de aquilo que teimo em não dizer aos que importam? Van Gogh – e foi ele mesmo? – arrancou sua orelha direita – ou teria sido a esquerda? - pela tal palavra. Shakespeare, eu e tantos outros idiotas seguem a escrever sobre ela. E me incluo nestes que são idiotas de primeira classe por eu nem saber direito como terminar o que começo a dizer. Tudo que consigo agora é saber que sou idiota como eles, que a cachaça realmente não faz bem e que nossas conversas eram boas. Por que eu estrago tudo? Porque sim. É tudo sempre tão... simples.
E você, o que diria?

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