quinta-feira, 7 de outubro de 2010


Nada nunca me deixou tão feliz quanto a sua companhia. Digo a sério, e você não acredita. Os seus passos eu reconheço, os seus gestos eu reconheço à distância, e te digo a verdade e você desconfia com seu olhar facilmente reconhecível de constrangimento e felicidade.
Nunca me disseste o contrário, então nunca suspeitei da contrariedade da sua felicidade perante a minha sincera e já confessa alegria. Se sentes o mesmo, se não sentes, tenho que dizer que pouco me importa. Me importa tua energia perto da minha; me importa teu olhar olhando para o meu. Me importa saber que não estamos juntos ainda, mas que estamos indo para algum lugar. juntos. Me importam meus erros se forem feitos puramente por distração em estar pensando em você. Eu falo sério, e você não acredita. Será tão difícil acreditar?
Somos novos, somos ingênuos, e quem disse isto ser um fardo? Se pouco conhecemos aproveitemos de nosso pouco conhecimento para desfrutar do que agora temos. Oras...! Se estamos nós dois e o mundo nos basta para que haver mais do mundo, quando a curiosidade mata o gato e pensar mata o burro de tanto se questionar?
De tanto me questionar me cansei. Me cansei, e falo sério. Os dramas escolares, os pequenos percalços adolescentes, os testes, tudo. Viverei, pois, para o agora; me dou por satisfeito com minha ingenuidade. Não se dão os adultos também?
Eles que tanto procuram pela alma gêmea, me proíbem de ter uma por pensarem que sou novo demais; o que querem eles? Serão eles amargurados demais, invejosos demais, por me verem tão feliz contigo a ponto de se forçarem a me olhar e dizer:
- Tão novinho, meu filho, não sabes o que tu quer da vida e ainda achas que já tu encontrou tua companheira de toda vida? Mal eu encontrei...!
Fico sempre sem resposta, pensando o quanto são infelizes ao calcular encontrar sua felicidade próxima dos trinta anos. O quão podem ser eles ingênuos, e não eu que já me encontrei feliz na primeira tentativa.
Eles tem experiência, não posso negar, mas não tem a felicidade que eu tenho. O peso do mundo pouco me importa, o cinza do mundo pouquíssimo me importa. Sou todo isto que sinto agora e faz meu corpo levitar enquanto penso nas possibilidades para o amanhã, e nada mais. Posso estar cinza, e podes estar a cor que quiseres, somos nós mesmos e por seres o que tu és que sinto o que sinto, que sinto o coração na boca e a minha boca na tua boca. Sou jovem, sim; mas estou aqui como todos os outros que estão aqui, e que caminham por onde passo eu também, e que espirram no frio que me faz espirrar também. Por que não posso eu encontrar o que todos buscam antes do que muitos que estão aí antes que eu?
Não que eu conheça o mundo, mas o mundo pouco me interessa quando tenho a felicidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário