Como não dizer que a Fotografia e o Samba não estão próximos quando ambos me fazem arrepiar e querer ir para a rua para me fazer contar o que vejo?
Tento não fotografar, apenas. Componho. Tento não compor, tão somente. Também canto pedra em lago, e mostro o pescador de tarrafa sozinho.
Te fiz sozinho, pescador.
Te cantei sorrindo.
Te fiz só tu, pescador.
Te quis sozinho.
Os pontos áureos viram escalas, os elementos, notas. Conto a imagem e pode virar batuque de escola; a imagem que vira também história. A história que é música de canto de ouvido ao pescador que fiz sozinho, sorrindo, de tarrafa na mão e eu de câmera nos dedos.
É samba de canto de ouvido, pescador.
É batuque de obiturador.
É cantoria pra tu, pescador.
É solidão de dois.
O preto e branco das tuas rugas do braço me lembram Cartola em sua melancolia, quando ele diz a Vida ser um Moinho.
Chora os pés, pescador.
Chora a dança da eternidade.
Chora tua onipotência, pescador.
Chora a liberdade.
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