segunda-feira, 9 de maio de 2011

Minha Fotografia é do Samba


Como não dizer que a Fotografia e o Samba não estão próximos quando ambos me fazem arrepiar e querer ir para a rua para me fazer contar o que vejo?

Tento não fotografar, apenas. Componho. Tento não compor, tão somente. Também canto pedra em lago, e mostro o pescador de tarrafa sozinho.

Te fiz sozinho, pescador.

Te cantei sorrindo.

Te fiz só tu, pescador.

Te quis sozinho.

Os pontos áureos viram escalas, os elementos, notas. Conto a imagem e pode virar batuque de escola; a imagem que vira também história. A história que é música de canto de ouvido ao pescador que fiz sozinho, sorrindo, de tarrafa na mão e eu de câmera nos dedos.

É samba de canto de ouvido, pescador.

É batuque de obiturador.

É cantoria pra tu, pescador.

É solidão de dois.

O preto e branco das tuas rugas do braço me lembram Cartola em sua melancolia, quando ele diz a Vida ser um Moinho.

Chora os pés, pescador.

Chora a dança da eternidade.

Chora tua onipotência, pescador.

Chora a liberdade.

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