domingo, 12 de dezembro de 2010

Estava tudo tão calmo!


Estava tudo tão calmo! A rede apenas balançava, o vento apenas deslizava, as pessoas apenas conversavam as suas conversas levianas e cheias de tão pouco significado - pois era divertido. Meus olhos semi cerrados vislumbravam meus amigos, tão calmos após o almoço.
O almoço também pesava no meu estômago, então minha mente foi desligando. O ar se tornara nostálgico, cheio de uma nostalgia que nem sabia d'onde. Fui retrocedendo no tempo sem ao menos querer e, de pouco em pouco, me vinham imagens, situações... eu mal escutava a conversa do resto deles, pois me veio a saudade. "Ei, Ele dormiu gente?", se perguntavam. Eu conseguia escutar, mas não conseguia responder... meu corpo perdera as energias e conseguia apenas processar momentos passados.
Meus olhos viraram cinema privado.

Eu tinha tão poucos anos, eu era tão pouco antes. Há tão pouco.
- Como será que vai ser? - eu perguntava.
- Como eu vou saber? - me respondia.
- Como eu queria saber... - então eu dizia.
- Como todo mundo quer saber...! - te continhas.

Eu mal sabia escrever, eu mal sabia o que ler.
- Eu mal sei por onde ir - eu reclamava.
- Vai, oras. - e já me respondias, tão cedo.
- Se vou, não sei por onde. Tenho que pensar, tenho que saber!
- Então pensa, e não fala. - eras a sinceridade em pessoa e carne, mas antes.

Eu não me lembro do outro eu, do outro antes de mim. Era tudo confuso, sem tudo.

- Ei, acorda!
Acordei de sobressalto, com uma puta chuva caindo.
- Quê? - mas ainda estava atordoado.
- Não tá vendo que tá chovendo? Acorda caramba!
- Tá... tá. - saí cambaleante da rede, tentando pegar meus chinelos de borracha pois tinha medo que estragassem na chuva.
Agora, vestia chinelos com o mesmo cuidado de camurças. O chinelo amortecia meus passos. Eu tinha medo, novamente, de ir; mas ia ainda assim.

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