quarta-feira, 27 de julho de 2011

Do futuro


Cada vez que me pedem para olhar pelo meu futuro, duvido ainda mais deles.

Hoje estava andando pela Beira-Mar em um fim de tarde lindíssimo, daqueles que a gente só vê por aquelas bandas. O clima ameno, todos aproveitando o clima de férias da vida e do inverno; aí que me cruza aceledaradissimo um lindo carro prateado ignorando o sinal vermelho que nada demorou a atingir uma moto, fazendo a garota das duas-rodas escarrar o chão da boca.

Ela ficou apenas machucada, mas e se não? Aí vão-se os planos, os sonhos, e tudo que se sacrificou por eles, em uma daquelas nossas tentativas desesperadas de um futuro certo,

correto,

coeso.

Não levo a vida tão a sério, sei disso; agradeço o dia após o outro, e ponto. E quanto ao futuro?

Ele virá, se vier; caso venha, a vida segue como deve ser:

sem exasperar, sem deixar de fazer o que se deve, óbvio, mas sem viseiras de cavalo manso que os impede de olhar para os lados.

O entorno entorno em mim de vez em sempre,

a cada quadro,

a cada gesto;

não conheço uma vida

que não seja essa:

a da divina experiência

ainda que vil

descontinuidade.

O único eterno que consigo enxergar é a saudade de tudo que não fiz, de tudo que não tive, de tudo que se foi; o que fiz, o que tive, o que ficou, são as alegrias de consolo aos descontentamentos.

Ainda que muito,

é muito pouco.

Ainda é muito pouco.


Nenhum comentário:

Postar um comentário