Cada vez que me pedem para olhar pelo meu futuro, duvido ainda mais deles.
Hoje estava andando pela Beira-Mar em um fim de tarde lindíssimo, daqueles que a gente só vê por aquelas bandas. O clima ameno, todos aproveitando o clima de férias da vida e do inverno; aí que me cruza aceledaradissimo um lindo carro prateado ignorando o sinal vermelho que nada demorou a atingir uma moto, fazendo a garota das duas-rodas escarrar o chão da boca.
Ela ficou apenas machucada, mas e se não? Aí vão-se os planos, os sonhos, e tudo que se sacrificou por eles, em uma daquelas nossas tentativas desesperadas de um futuro certo,
correto,
coeso.
Não levo a vida tão a sério, sei disso; agradeço o dia após o outro, e ponto. E quanto ao futuro?
Ele virá, se vier; caso venha, a vida segue como deve ser:
sem exasperar, sem deixar de fazer o que se deve, óbvio, mas sem viseiras de cavalo manso que os impede de olhar para os lados.
O entorno entorno em mim de vez em sempre,
a cada quadro,
a cada gesto;
não conheço uma vida
que não seja essa:
a da divina experiência
ainda que vil
descontinuidade.
O único eterno que consigo enxergar é a saudade de tudo que não fiz, de tudo que não tive, de tudo que se foi; o que fiz, o que tive, o que ficou, são as alegrias de consolo aos descontentamentos.
Ainda que muito,
é muito pouco.
Ainda é muito pouco.
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